Passe em frente a uma grande construção, pare e observe por alguns minutos (tenha a certeza de que está em um local seguro para esta observação). Qual a sua sensação? Em primeiro lugar, muitos trabalhadores, muitos mesmo, todos andando de um lado para o outro, cada qual com sua função específica. Outra coisa que você vai observar são os diversos materiais que caminham lado a lado com os trabalhadores: martelos, serrotes, vergalhões, madeira, andaimes etc. Tudo absolutamente necessário para o bom andamento da construção. OK, você está observando um canteiro de obras.
Saiba que este é um dos locais de maior perigo para um trabalhador da construção civil. Seja perigo de quedas, cortes e perfurações no manuseio de ferramentas, choque elétrico – ah, o choque elétrico em canteiros de obras…
Segundo informações da Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, somente no ano de 2017, 58 trabalhadores morreram em canteiros de obras ou construções em geral, por choques elétricos. Destas 58 mortes, 49 delas eram pedreiros manuseando ferragem em obra. Em cinco anos foram mais de 200 mortes de profissionais em canteiros de obras.
E porque estes acidentes acontecem?
Segundo o Eng. João Cunha, da Mi Omega, “por instalações elétricas improvisadas sem as proteções adequadas, muitos chamam as instalações temporárias dos canteiros como instalações provisórias, como se não precisassem das proteções adequadas”.
A falta de cuidado é ainda maior que a falta de informação. Porque mesmo que este profissional não tenha tido nenhuma informação sobre os riscos que está correndo quando manuseia uma ferragem em obra, não é possível que ele desconheça o perigo que a proximidade da rede aérea e os materiais que ele manuseia oferece.
O manuseio de ferragens pelos profissionais é algo comum dentro do canteiro de obras, é uma tarefa rotineira do início ao fim da obra, e justamente por ser rotineira ela pode se tornar ainda mais perigosa. A falta de atenção neste manuseio pode ser fatal, já que a carga de energia nas redes de média tensão chegam a 13.800v.
E o que é preciso para mudar esta realidade?
A palavra aqui é uma só: conscientização. A partir do momento em que este profissional se conscientiza dos riscos de sua profissão e, principalmente de seu local de trabalho, ele passa a se preocupar na sua própria capacitação profissional. Estar atento aos riscos é algo que deveria ser inerente para os profissionais deste segmento.
Palestras em canteiros de obras pode ser uma solução e deveria ser procurada pelos responsáveis por tantas vidas. O uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva) além de ser obrigatório, é fundamental para a segurança destes trabalhadores.
Cunha lembra que a NR-10 “chama de serviços não elétricos em proximidades, os trabalhos de manuseios de elementos metálicos próximos das redes aéreas, (zonas que tecnicamente são conhecidas como zona controlada)”.
Por isso, se você é profissional deste setor, fique atento: exija os equipamentos de segurança, procure se informar sobre as normas que regem sua área de trabalho, trabalhe com atenção e, principalmente: fique vivo!
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