Darei início a uma série de posts sobre proteção contra choques elétricos, na qual abordarei as medidas de proteção apresentadas na NBR 5410, com base na literatura técnica e principalmente nos artigos do Eng. João Cunha, e farei uma análise das estatísticas de acidentes de origem elétrica. Portanto, antes de falarmos sobre as medidas de proteção, precisamos saber
“O choque elétrico é a perturbação da natureza e efeitos diversos que se manifesta no organismo humano ou animal quando este é percorrido por uma corrente elétrica” (KINDERMANN, 2013)
O choque elétrico pode causar diferentes reações no organismo de uma pessoa ou animal, podendo ser fatal (eletrocussão) normalmente por fibrilação ventricular ou causar queimaduras graves, tetanização (contração muscular involuntária), formigamento ou até mesmo ser imperceptível, dependendo da intensidade da corrente elétrica, da frequência da corrente elétrica, do caminho percorrido.
Cada choque elétrico é único, pois as condições iniciais são únicas, deste modo todos os dados a serem apresentados são estimativas aceitas para a realização de estudos e uso nas medidas de proteção contra choques. Se desconsiderarmos o tempo de exposição à corrente elétrica, é possível ter uma noção dos efeitos no organismo para os diferentes níveis de corrente elétrica sobre ele aplicado.
[vtftable cols=”{0}0-2:cccccc;{/}{2}0-2:d9d9d9;{/}{4}0-2:d9d9d9;{/}”]
{f1}Intensidade (mA);;;{f1}Efeitos;;;{f1}Riscos;nn;
0,5;;;Ligeira contração muscular;;;Não há risco à vida.;nn;
10;;;Contração muscular intensa;;;Há risco de problemas respiratórios, e impossibilidade de se soltar da fonte do choque.;nn;
30;;;Risco de fibrilação cardíaca irreversível;;;Há risco à vida, com possibilidade de levar a vítima à condição de morte aparente.;nn;
[/vtftable]
(IEC 60479-1)
As intensidades da ordem de ampéres ou kilo ampéres não foram listadas, porém nestes casos a intensidade da corrente é suficiente para causar graves queimaduras dos órgãos e causar a morte imediata.
A IEC 60479-1 classificou o choque elétrico em 4 zonas, baseado na intensidade da corrente e no tempo de exposição à corrente.
Zona 1 – Imperceptível (Eixo Y a curva A): As correntes de até 0,5 mA não causam efeitos no corpo;
Zona 2 – Perceptível (Curva A a Curva B): Esta zona delimita a intensidade e o tempo de exposição no qual a pessoa sentirá a sensação do choque, mas sem haver risco à saúde;
Zona 3 – Reações reversíveis (Curva B a Curva C1): Esta zona delimita a intensidade e o tempo de exposição no qual a pessoa terá contração muscular, gerando um risco de ficar presa ou causar outro acidente como consequência;
Zona 4 – Possibilidade de efeitos irreversíveis (A partida Curva C1): Esta zona apresenta a região na qual há risco à vida, ela é dividida em:
Curva C1: Não há risco de fibrilação ventricular;
Curva C2: Há 5% de chance de ocorrer fibrilação ventricular;
Curva C3: Há 50% de chance de ocorrer fibrilação ventricular.
Notem que a Curva C1 tende ao valor de 30 mA conforme o tempo de exposição à corrente aumenta. Esse valor de 30 mA não te parece familiar? É por causa desta curva que foi padronizado que a proteção residual deve ser de 30 mA, ou seja, o dispositivo residual – DR para proteção contra choques elétricos deve ser de 30 mA.
O campo de estudos dos efeitos do choque elétrico no corpo humano é muito amplo, e devido a limitação técnica e tempo, tive que resumir e abordar de forma bem geral o assunto para que possamos abordar as medidas de proteções contra choques nas próximas semanas.
Caso o assunto tenha lhe interessado, recomendo a leitura do livro Choque Elétrico, do Prof. Geraldo Kindermann, que fez um amplo estudo sobre choque elétrico, e apresenta o tema do ponto de vista técnico e clínico.
Mande suas críticas, elogios, sugestões aqui embaixo nos comentários!
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC TS 60479-1: Effects of current on human beings and livestock – Part 1: General aspects. 2005 ed. Iec: Iec, 2005.
KINDERMANN, Geraldo. Choque Elétrico. 4. ed. Florianópolis: Geraldo Kindermann, 2013. 108 p.
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